Sem sombra de dúvidas 2024 foi um ano repleto de qualidade, trazendo lançamentos tanto de bandas que estão em constante atividade, quanto de medalhões que trouxeram novos petardos após um longo período sem algo inédito.
Vale destacar que a lista que você confere abaixo, é de única e exclusiva predileção pessoal deste que vos escreve e não representa a opinião geral da Extreme Sound Records. Então sem mais delongas, vamos ao Top 10 de 2024:
10) T.O.M.B – Corpse Grinder
Grande nome da cena underground mineira e na ativa desde 1987, o quarteto oriundo de Machado (MG) trouxe à tona T.O.M.B (sigla para The Old Metal Burns) trabalho que sucede o excelente Into The Coffin (2018). Com oito traulitadas pujantes, a banda toca em temas espinhosos em meio ao caos e brutalidade que permeia o Death Metal Old School do Corpse Grinder. Com toda a certeza, foi uma honra para a Extreme Sound Records ser a responsável por trazer o lançamento dessa pedrada.
09) MURDER – Daimonos
Além da podridão e violência que emana tanto da sonoridade quanto das letras, a evolução é também um fator predominante em cada novo disco do Daimonos, duo de Natal (RN) comandado por Lucas Daniel e Mirella Jambo. Falo sem medo algum que os guturais bélicos de Jambo, são equivalentes a uma versão feminina do grande George “Corpsegrinder” Fisher, frontman do Cannibal Corpse. Abordando maníacos como o icônico serial killer Jeffrey Dahmmer, o grupo adiciona novos elementos “mais melodiosos” (entre muitas aspas mesmo) foram adicionados à sonoridade da dupla, que garante um excelente disco de Slam Death Metal.
08) A Mass To The Grotesque – The Troops of Doom
Enquanto o Sepultura “se despede” dos palcos e os irmãos Cavalera requentam os três primeiros discos da antiga banda, Jairo “Tormentor” Guedz e companhia lançaram em 2024 mais um exemplo de como uma banda pode usar a nostalgia e novidade com excelência. Desde os primeiros EPs até a chegada de A Mass To The Grotesque, o grupo cada vez mais mostra para o que veio, carregando com louvor profano toda a atmosfera dos primórdios do Sepultura, mesclando com novos elementos adjacentes ao bom e velho Blackned Death Metal oitentista.
07) I Want Blood – Jerry Cantrell
Se por um lado o Alice In Chains não lança nada desde o excelente Rainier Fog (2018) com declarações do próprio vocalista William DuVall em entrevistas afirmando que a banda não tem previsão de novidades, por outro, o guitarrista Jerry Cantrell trouxe à tona o sucessor de Brighten (2021). Em I Want Blood, Cantrell traz nove novas faixas que acalentam a saudade do AIC com o plus das participações de nomes como Robert Trujillo (Metallica), Duff Mckagan (Guns N’ Roses) e Greg Puciato (the Dillinger Escape Plan).
06) The Mandrake Project – Bruce Dickinson
Quase duas décadas após lançar Tyranny of Souls (2005), o icônico frontman da Donzela de Ferro, Bruce Dickinson retomou a carreira solo ao lado do parceiro de longa dará Roy Z, lançando o ambicioso The Mandrake Project. Conceitual, o sétimo trabalho do britânico é uma obra multimídia, com uma história sombria sobre poder, abuso e luta por identidade, transcendendo ao campo musical indo parar no âmbito dos quadrinhos.
05) From Hell I Rise – Kerry King
Trazendo alento aos fãs que ficaram órfãos quando o Slayer deixou os palcos em 2019, Kerry King munido da raiva pelo fim abrupto e precoce que considerara de sua própria banda, trouxe From Hell I Rise. Muitos apontaram o disco como algo clichê, soando como uma versão 2.0 do antigo grupo de King, mas para este que vos escreve, From Hell I Rise é tudo o que gostaria de ouvir em uma hipotética sequência do excelente Repentless (2014) . Os vocais de Mark Osegueda em nada ficam atrás dos de Tom Araya e a bateria de Paul Bostaph só corrobora para a qualidade do trabalho.
O único problema foi o Slayer ter voltado pouquíssimo tempo depois do lançamento do disco para shows pontuais no decorrer do ano, o que ao meu ver ofuscou e muito a estreia solo do guitarrista da Bay Area…
04) Killing For Revenge – Six Feet Under
Após o lançamento do podríssimo (no mau sentido da coisa) Nightmares of The Decomposed (2020), Chris Barnes e Jack Owen finalmente acertaram em cheio com Killing For Revenge. Os vocais de Barnes estão longe de serem os mesmos do auge no Cannibal Corpse, mas pelo menos a qualidade está a anos luz de distância do pastiche apresentado no disco anterior, assim como o instrumental volta a flertar com passagens mais groovadas, que fazem os pescoços sacolejarem inconscientemente.
03) A Fúria Selvagem – Zumbis do Espaço
Um disco divertidíssimo e pra lá de inspirado. É assim que se pode definir o excelente o nono disco do nosso Misfits tupiniquim, os Zumbis do Espaço. As 15 faixas presentes em A Fúria Selvagem passam tão rápido e cativam tanto, que o replay é um fator constante e natural para quem aprecia o trabalho dos mestres brasileiros do Horror Punk.
02) Songs Of A Lost World – The Cure
Aí está um disco que brigou feio com o primeiro lugar da lista, uma vez que o grupo liderado Robert Smith é parte essencial da trajetória deste que vos escreve. Quinze longos anos e diversas especulações separam Songs Of A Lost World do último lançamento do grupo 4:13 Dream (2008). Mas a espera e maturação valeram em muito a pena. As oito faixas que compõem o décimo quarto álbum do grupo, exalam tudo o que o Cure fez de positivo em mais de quatro décadas de existência, trazendo nuances soturnas de discos como Pornography (1982), assim como momentos de bela melancolia remetentes ao clássico Desintegration (1989).
01) Luck And Strange – David Gilmour
Outro trabalho que quase levou uma década para ser concebido. Luck And Strange traz o melhor guitarrista e vocalista do Rock Progressivo de todos os tempos de volta à tona, com uma pitada do antigo Pink Floyd em uma colaboração inédita com o saudoso Rick Wright na faixa que nomeia o disco. Em tempos de inteligências artificiais e artistas de mentira, poder comtemplar uma obra autêntica com o DNA de David GIlmour é simplesmente um privilégio incomensurável.