Há mais de 3 décadas militando no metal brasileiro, seja como um dos líderes do grande Genocídio, seja desenhando capas de cds, Wanderley Perna é uma figura importantíssima. Se estivéssemos na Suécia, ele teria uma estátua. Conheça mais sobre o Perna nessa entrevista exclusiva para vocês, amigos da Extreme Sound.
(foto por Flavio Santiago)
1 – Você é um artista multitalento. Como a música e a arte gráfica se desenvolveram em sua vida?
Perna: A música sempre esteve presente na minha família, meu pai sempre foi um fã de Elvis e isso acabou se refletindo na minha vida. Com o Heavy Metal veio à paixão pela arte, eu ficava horas admirando as capas e os encartes dos discos!!
2 – Você sofreu um acidente que fez com que mudasse da guitarra para o baixo. Gostaria que contasse sobre o ocorrido e sobre seu processo de superação. Também mudou alguma coisa no seu trabalho como artista gráfico?
Perna: Infelizmente fui uma das vítimas de um descaso da administração da Galeria do Rock, por muitos anos a galeria ficou abandonada e a degradação das escadas rolantes gerou inúmeros acidentes, inclusive o meu que acabei perdendo metade do polegar direito.
Pra mim foi uma baque, vendi todo meu equipamento na época e não me via mais tocando em uma banda. Mas depois de um tempo percebi que não era justo comigo mesmo e então decidi voltar a tocar.
3 – De maneira geral, o roqueiro jovem tem um sonho de ter uma banda respeitada ou de sucesso. Caso esse plano não dê certo, a segunda opção é trabalhar com algo relacionado com a música. Você conseguiu as duas coisas, tem o Genocídio e trabalha com artes para capas, cartazes, vídeo clips. Você se sente realizado?
Perna: Com certeza! Quando olho pra trás percebo que valeu a pena dedicar todos esses anos a música pesada, eu não saberia fazer outra coisa!
4 – Seu trabalho gráfico não se restringe ao mercado musical. No seu portfólio tem de produtos alimentícios à caiaques. Você atua em todo o mercado publicitário?
Perna: Exatamente, sempre fui apaixonado por publicidade. Poder construir uma campanha ou uma simples arte para divulgação de um produto.
5 – Os recursos gráficos dos computadores enriquecem muito o trabalho. Mas você também utiliza ainda técnicas tradicionais, como lápis, tinta, papel?
Perna: Infelizmente não! Eu trabalho apenas com artes digitais, computação gráfica e vídeo. Gostaria muito, talvez algum dia eu arrisque fazer alguns rabiscos.
6 – Você tem alguma referência ou influência no campo das artes gráficas? Tem alguma capa de disco ou vídeo clip que seja seu preferido?
Perna: Sou grande fã do H. R. Giger, Seth Siro Anton, Marcelo Vasco entre outros e na produção de vídeos clips o melhor pra mim é Jon Simvonis.
7 – E quais dos seus trabalhos que considera os melhores?
Perna: A cada trabalho estou sempre buscando evoluir, tenho vários trabalhos que me orgulho, tanto de arte como de vídeo. Talvez fosse injusto citar um trabalho específico.
8 – Quando houve uma migração do vinil para o cd, como você viu a perda do impacto das capas, pela diminuição do formato?
Perna: Com certeza, as capas reduziram o impacto quando reduziram de tamanho e com a nova geração de artistas e tecnologias atuais, seria um ganho enorme se ainda vivemos na era do LP.
9 – E agora com a migração para o formato digital, você acredita que a perda foi ainda maior? Como analisa essa questão?
Perna: Sem dúvida, muitas bandas acabam só publicando a música e não valorizam mais as artes!!
E é como se uma parte do Heavy Metal morresse junto com a mídia física!!
10 – Muito obrigado por falar com os amigos que prestigiam o site Extreme Sound. Encerre falando, por favor, sobre quais são os próximos planos para o Genocídio.
Perna: Eu que agradeço pelo espaço no site Extreme Sound!
Estamos com 90% do novo disco pronto e em breve começaremos a gravar! Pretendemos também lançar um livro no final do ano contando a história da banda, esperamos que a volta dos shows seja breve também e que possamos voltar a velho normal!!!
Visite o site do Perna e saiba mais sobre seu trabalho. Aproveite e assista um dos seus vídeos abaixo.