Vinda do interior de São Paulo, Sacramentia está lançando seu primeiro álbum, Prophecies Of
Plague. Mostrando um death metal que ronca como um Maverick V8, privilegiando a
pilotagem e não a alta velocidade, sem receito de bater de frente com o thrash, sem receio de
bater de frente com a NWOBHM, ou mesmo com um caminhão sem freio.
Formada por André Guimarães Vieira e Guilherme Mendes (guitarras), Guilherme Graça Melo
(baixo e vocais), Leo Michelazzo (bateria) e Renan Bezan (vocais), o Sacramentia já nasceu
grande.
A abertura com Scorn Fate explora um recurso simples, muitas vezes esquecido, que é o
estéreo, pausando e soltando uma guitarra num dos canais, com um resultado pra lá de
original. Logo de cara um resumo do que é o Sacramentia, ideias simples exploradas com
muita criatividade. Que foda.
Scum é uma faixa groovada, que tem uma quebrada com dedilhado, embalada em timbres
simples de guitarra e baixo, além de um ótimo refrão.
O groove continua na sequência, In Integrum Pandemonium é comandada pelo riff, também
apresenta uma quebrada criativa, onde o baixo mostra suas garras.
Black Psalm tem uma pegada old school, simples e direta. Na sua intro, uma deliciosa citação
gótica. Aproveito para destacar a mixagem desse disco, onde você ouve todos os
instrumentos, inclusive o baixo, que tantas vezes a gente sente falta quando ouve metal.
Em Silent Sinner a intro é dedilhada, acompanhada por um texto declamado, que cai muito
bem na proposta da banda. Vendo as fotos dos integrantes, o vocalista aparece encapuzado,
sugerindo uma proposta teatral, que deixa curioso para vê-los ao vivo. O dedilhado volta no
final.
Indo direto ao ponto, Necrolust blasfema. Gemidos femininos são ouvidos, enquanto a letra
diz “wishing for holy images”.
O baixo abre os trabalhos em Crucifiction, que tem um clima NWOBHM. A canção apresenta
uma mudança de andamento no refrão e trecho declamado no meio, reforçando o conceito
teatral do Sacramentia. Note que a grafia de crucificação é “crucifixion”, e aqui a ideia remete
a “fiction”, ou seja, ficção. Um desses vários detalhes que diferenciam essa banda.
Confira o lyric vídeo:
Falling State Of Mind inicia como marcha, depois ganha velocidade. Seu solo tem com muito
uso da alavanca. Andreas Kisser ficaria orgulhoso.
A bateria com tom-tons de timbre alto abrem Ancient, produzindo um ótimo resultado.
O encerramento vem com Unknown Gods. Intro climática, palhetada rápida, evoluindo para
uma canção que poderia estar no Killers do Iron Maiden, se Paul Di´Anno cantasse como um
demônio. Ela finaliza de forma abrupta, mas não desligue, em alguns segundos você ouvirá o
vento, o sino, o fogo queimando, e a música retornando, num momento que faria borrar a
maquiagem de King Diamond, com excelente performance de guitarra. O último ato com a
criatividade no topo.
Prophecies Of Plague vem em formato digipack, com uma arte gráfica de altíssimo nível e bela
capa. O álbum foi lançado e está sendo distribuído pelo selo Extreme Sound, que vem se
destacando ao lançar artistas do primeiro escalão, como Krisiun, Firespawn, e também novos
nomes do death metal.
O sacramento do batismo do Sacramentia te leva direto para o sacramento da extrema unção.
Prophecies Of Plague é imperdível. Está sacramentado. Adquira já o seu.