A banda que trago hoje em parceria com a Extreme Sound Records, carrega a aura singular do Metal Extremo brasileiro oitentista.

Advindos da cidade mineira de Itaúna, o Deadliness teve inicio em 1989, quando o guitarrista e vocalista Roberto Antunes deixou a antiga banda, Túmulo de Ferro. Mesmo passando pelas já famigeradas inconstâncias de formação que todo grupo enfrenta nos primórdios, e as inúmeras dificuldades que a cena brasileira enfrenta até os dias de hoje, os primeiros lampejos sonoros vieram através das icônicas fitas demos.

O Thrash Metal que corre nas veias da banda tem influências de medalhões nacionais como Sepultura, Overdose e Korzus, passando também por bandas clássicas como Black Sabbath, Slayer, Exodus, entre outras.

Atuando de forma independente, o Deadliness sempre atuou de forma independente lançando inúmeras demos, com destaque para Dark Warriors (2000) e o EP Living in The War (2001). Mas o primeiro álbum, alvo da resenha de hoje, veria a luz do dia em março de 2014. Então sem mais delongas, vamos adentrar ao universo sonoro destes verdadeiros guerreiros devotos ao Metal.

Sem tempo para introduções, o soco sonoro chega com força e sem misericórdia com o riff cativante de Hate. E que bela forma de se iniciar uma audição meus amigos! A faixa conta com passagens distintas e uma pegada que empolga, e faz com que o pescoço queira balançar sem parar. Os vocais de Roberto possuem uma boa potência, alternando entre o estilo mais agressivo, inerente ao Thrash Metal com pontuais momentos guturais.

Em seguida sem deixar a peteca cair, somos apresentados a mais uma saraivada mordaz com o início de Guerreiros do Metal. Aqui, a velocidade vai ganhando constância, descambando em mais momentos empolgantes, ideais para meter chumbo em hordas infernais, em um bom jogo de tiro oldschool fazendo coro ao som da banda. Destaque para as doses cavalares do uso das alavancas das guitarras, que fazem as bixinhas chorarem estridentemente, do jeito que quem gosta do som adora!

Trazendo a crítica política, Sanguinários do Poder além de ser uma faixa extremamente poderosa, é uma carta de “amor” aos malditos engravatados que “regem” e fodem nosso país.

Assim como Hate, Attila também apresenta letra em Inglês, trazendo o lendário e mais perverso rei dos hunos de volta à vida sedento por sangue. Há de se destacar o incrível e bem trabalhado instrumental, que dá a música uma roupagem Thrash Progressiva.

Terra dos Anjos Caídos possuí uma aura maligna mesclando o Slayer e o clássico Sonho Maníaco do Korzus.  Outro ponto alto de um disco que,até o momento que termino este parágrafo, não apresentou nenhum ponto baixo.

Em um clima caótico, Overdose busca exprimir todas as nuances dessa experiência de pane e quase morte. Vida Morta e Aguente Sua Cruz são faixas com pegada lírica mais motivacional, o que de certa forma é muito interessante, levando em consideração a trajetória de superação pela qual o Deadliness sempre enfrentou e ainda enfrenta.

Ah Inferno, que baita introdução! Um excelente instrumental para uma música, que questiona os conflitos e desejos internos pelos quais um individuo já teve ao menos uma única vez na vida. Há até uma pegada filosófica na letra para aqueles que dizem adorar a maldade e a crueldade, apenas quando estas não são estão voltadas para si mesmo.

 Fechando o álbum com chave de ouro, Headbanger é uma verdadeira celebração ao público tão estereotipado e mal visto do nosso tão amado Heavy Metal.

Mais do que um exercício e um grito de resistência e perseverança, Guerreiros do Metal é também um disco família. Acompanhando Roberto, o único membro da formação original da banda, o Deadliness é também formado pelos filhos do frontman, Ícaro e Igor Antunes, que exercem respectivamente ao lado do pai, o posto de guitarrista e baixista. Já as competentes baterias, foram conduzidas magistralmente por Braulio Assunção.

 Gravado nas imediações do Estúdio Engenho em Belo Horizonte, Minas Gerais, o primeiro disco com Deadliness pode ser resumido em uma palavra, que creio ter usado exaustivamente durante o decorrer da resenha, mas que não há forma melhor de descrevê-lo se não ela: cativante. Sem nenhuma frescura ou firula desnecessária, a sonoridade da banda logo nos primeiros segundos conseguem atrair os amantes de riffs mais repetitivos mas com pegada, fazendo as dez faixas despertarem a curiosidade do ouvinte de forma ansiosa pelo que está por vir a seguir, como uma pessoa que está recebendo os primeiros goles de água após ser resgatada em um deserto escaldante.

Em suma meus amigos, Guerreiros do Metal é um álbum que merece, e muito, atenção, mostrando a força tanto sonora como de reinvenção, de uma banda que está na ativa há mais de 30 anos em nosso tão vasto underground nacional. Um trabalho para saudosista nenhum botar defeito.

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Tracklist:

1-Hate
2-Guerreiros do Metal
3-Sanguinários do Poder
4-Attila
5-Terra dos Anjos Caídos
6-Overdose
7-Vida Morta
8-Aguente Sua Cruz
9-Inferno
10-Headbanger