Resenha: Ereboros – Ereboros (2023)

Existe uma frase detestável que há tempos paira na boca (ou nos dedos) de muitas pessoas por aí: “O Rock/Metal no Brasil está morto”. E bem meus amigos, considero que parte do meu humilde trabalho enquanto exerço essa caminhada jornalística, seja justamente conhecer cada vez mais bandas na tentativa de abrir os olhos dessas pessoas.

Ah e como é satisfatório quando encontramos além de “sangue novo” na cena, grupos que se comprometem com elementos que vão além da música. Por isso hoje, através da prolífica parceria com a Extreme Sound Records apresento lhes o Ereboros, formado em maio de 2022 no Rio de Janeiro por Thiago Barbosa (Voz & Baixo) ex-Forceps, Wederson Felix (Guitarra) ex-Tellus Terror, Alexandre Carrreiro (Guitarra) Gutted Souls/Hicsos e Victor Mendonça (Bateria) ex-LAC. Colecionando um arsenal de dez discos e nove turnês nacionais e internacionais (duas sul-americanas, quatro europeias, uma no leste europeu e uma nos Estados Unidos), somando um total que ultrapassa a marca dos 400 shows e dezenas de milhares de quilômetros de estrada em mais de 50 países nos projetos anteriores, o experiente quarteto chegou ao cenário underground nacional já com uma bagagem de muito peso.

O nome do grupo deriva da junção de uma divindade ancestral e um símbolo de conhecimento milenar,sendo eles respectivamente, Erebos (que na mitologia grega representa a escuridão profunda, concebido como a divindade primordial, a personificação das trevas que nasceu do caos) e Ouroboros (símbolo ancestral de uma serpente devorando a própria cauda, que representa a renovação cíclica vital, morte e renascimento).

E é com este background que lhe convido a desvendar as cinco faixas do primeiro lampejo da obra do grupo com o autointitulado EP

A audição já se inicia sem cerimônia alguma, com a violentíssima e turbulenta Ereboros. A faixa que batiza tanto a banda, quanto o EP, é furiosa e apresenta elementos que muito me remeteram ao Behemoth, trazendo o Blackned Death Metal (vertente do metal extremo que mescla as temáticas e tremolo pickings do Black Metal com a violência sonora esmagadora do Death Metal), porém, provido de uma energia extra nos vocais. A letra traz a junção das duas figuras que inspiraram o nome do grupo, que agora culminam em um novo e único ser, capaz de trazer a renovação cíclica mesmo através das trevas, escuridão e o caos.

Corruption Signum é ainda mais furiosa que a antecessora, porém, agora apresenta um refrão que carrega certas pitadas grandiosas épicas. Os vocais de Barbosa são viscerais, destilando todo o nojo que sente pelas mentiras, manipulações e crimes resultantes da idolatria cega cristã pelos líderes que as conduzem. Destaque também para as guitarras que realizam ótimos duetos no decorrer da canção.

 Na sequência o ouvinte é apresentado à cadenciada Path of Solomon, que dentro do trabalho como um todo (e muito provavelmente nas apresentações da banda), será aquela típica faixa responsável pelo sacolejar instantâneo do pescoço do ouvinte. Vale ressaltar também o incrível empenho audiovisual da banda na produção do videoclipe para essa música.

Blasphemous Era traz consigo toda uma carga e atmosfera, cujos certos lampejos me levaram para o inicio do milênio, precisamente, para o disco Thelema 6,podendo ter sido perfeitamente incluída no quinto trabalho da trupe de Nergal. A letra traz toda a origem da humanidade calcada pelo pecado e pelo ódio, fator estes, que agora condena a mesma a uma nova era blasfema, onde a heresia reina com supremacia.

Fechando o disco de forma não menos furiosa com Dubium Sapientia Est que traz uma espécie de apelo sobre a liberdade do pensamento acima das leis imposta pelos livros sagrados, ou àqueles que proferem as linhas advindas deles.

Lançado oficialmente em março de 2023 em todas as plataformas e em uma impecável edição física pela Extreme Sound Records, o debut do Ereboros fora concebido no Tellus Studio, Rio de Janeiro, entre janeiro e abril de 2022. A produção ficou a cargo de Caio Mendonça, enquanto as incríveis ilustrações que compõe o material físico são de autoria do artista baiano Iuri Corvalan. Já as fotos promocionais e artísticas são de Roberta Guido, fotógrafa artística renomada nacional e internacionalmente.

A sensação após os últimos segundos do EP se esvaírem é de que algo grandioso e pesadíssimo acabara de passar sobre minha mera carcaça. De fato amigo leitor, a experiência adquirida nos anos de estrada em outros projetos, conta e muito, para a excelência obtida no resultado final.  A mixagem do trabalho faz uma mescla interessante, transitando em algo mais trabalhado e polido mas sem deixar toda a rispidez do Blackned Death Metal esmurecer. Como mencionei no início do texto, o Ereboros investe pesado em diversas áreas além da música. O merchandising da banda é impecável, o engajamento nas redes sociais é nítido e o cuidado estético tanto nas artes conceituais do EP, quanto nas sessões de fotos, com certeza é um fator que diferencia o grupo de muitos, com inclusive, mais tempo de estrada.

Em suma, Ereboros é um ótimo pontapé inicial para a banda e um ótimo soco na cara dos tipinhos que adoram bradar aos berros nas redes sociais que o gênero extremo jaz morto em terras brasileiras. Apesar da curta duração, o EP faz com que o ouvinte, por ansiar por algo a mais do grupo, revisite o trabalho inúmeras vezes, pelo menos, até o lançamento do primeiro Full Lenght dos cariocas.  Recomendadíssimo!

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Tracklist
1-Ereboros
2-Corruptio Signum
3-Path of Solomon
4-Blasphemous Era
5- Dubium Sapientia

 

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