Em uma recente conversa com o site australiano Heavy, o ex-guitarrista e vocalista do Sepultura, Max Cavalera, falou sobre a decisão que ele e seu irmão, Igor “Iggor” Cavalera, ex-baterista da banda, tomaram de revisitar as primeiras gravações do grupo. Eles decidiram regravar alguns dos primeiros trabalhos — Morbid Visions e Bestial Devastation — e ainda lançar uma versão renovada de Schizophrenia, o primeiro álbum gravado com o guitarrista Andreas Kisser.
Max explicou o motivo dessa escolha ousada:
“Foi meio que uma chance de fazer de novo, mas fazer melhor. Não exatamente consertar os erros, porque eu acho que os erros tinham seu charme, mas deixar as coisas com um som melhor. Tivemos a oportunidade de ter guitarras melhores, uma bateria com som melhor, um estúdio melhor, cercados por pessoas experientes no metal, que sabem como gravar esse tipo de coisa.
Na época em que gravamos esses discos no Brasil, nada disso estava disponível. Estávamos por conta própria. Os engenheiros de som não sabiam o que fazer, e era quase um território desconhecido gravar esses discos no Brasil. Então, tivemos a chance de refazê-los do jeito que imaginávamos que eles deveriam soar. As regravações representam como nós, como músicos, achamos que essas músicas deveriam soar. Mesmo quando éramos moleques, já queríamos alcançar o som que conseguimos nessas regravações; era isso que buscávamos desde o começo. Então, é muito legal ter essa oportunidade.”
Max também comentou que muitas bandas não têm essa chance ou, quando tentam, não conseguem recapturar a energia original. Ele disse:
“Muitas bandas não têm a chance, não tentam ou tentam e falham. Não conseguem manter a energia e a raiva do original. A gente garantiu que tudo isso continuasse lá. Mantivemos a energia e o sentimento intactos. Acho que é por isso que tanta gente adorou as regravações. Os fãs estão pirando com elas, e foram muito bem recebidas pelo mundo todo.”
Refletindo sobre como esses álbuns seriam recebidos se tivessem sido gravados com equipamentos melhores nos anos 80, Max declarou:
“A gente nunca teve um manual de como fazer isso. Fizemos no improviso. É como dizem, você vai ‘no instinto’, experimenta e aprende com os erros. E essa é a beleza desses discos — eles estão cheios de coisas que surgiram do nada. Tipo, ‘O que eu tava pensando quando criei esse riff? Esse riff é insano!’. Mas é lindo, cara. Mostra que, mesmo aos 14, 15 anos, eu já tinha o metal nas veias. Esse metal selvagem fluía no meu sangue, e eu simplesmente fui em frente. Agora, como adulto, tenho a chance de revisitar tudo isso e ainda sentir a mesma emoção que sentia quando era moleque. É uma sensação incrível.”
Max também expressou sua gratidão por poder reviver essas experiências marcantes:
“Ter a oportunidade de fazer isso… Me sinto muito sortudo. Eu e meu irmão podemos celebrar nosso passado por meio desses álbuns e tocá-los ao vivo para as pessoas. É uma sensação incrível.”
As novas versões de Morbid Visions, Bestial Devastation e Schizophrenia contaram com a participação de rostos conhecidos, como Travis Stone, do Pig Destroyer, na guitarra solo. A formação também incluiu Igor Amadeus Cavalera, que assumiu o baixo, como parte dos projetos Go Ahead and Die e Healing Magic.
A regravação de Schizophrenia aconteceu entre abril e junho de 2023, no Focusrite Room, em Mesa, Arizona, com mixagem e masterização feitas por Arthur Rizk (conhecido por seu trabalho com Soulfly, Go Ahead and Die e Turnstile). Além disso, a icônica capa original do álbum foi restaurada com aquarelas pintadas à mão por Eliran Kantor.
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FONTE: METAL INJECTION