Trinta anos depois do lançamento original, Balls to Picasso — primeiro álbum solo de Bruce Dickinson após sua saída temporária do Iron Maiden em 1993 — retorna em uma nova versão intitulada More Balls to Picasso. Mais do que um simples relançamento, o projeto funciona como uma reinterpretação da obra, corrigindo, segundo o próprio vocalista, questões de produção que impediram o disco de alcançar seu potencial na época.

O novo trabalho apresenta guitarras mais pesadas, arranjos orquestrais, inclusão de metais e uma mixagem renovada, sem recorrer a edições digitais ou regravações de voz.

“Agora o álbum soa como deveria ter soado há 30 anos”, afirmou Dickinson em entrevista para a Loudwire, destacando o papel do guitarrista Philip Naslund e do produtor Brendan Duffey na modernização do som. Clássicos como Tears of the Dragon ganharam nova dimensão, enquanto outras faixas evidenciam a mistura de influências que já caracterizava o cantor — do metal tradicional ao groove inspirado pelo Faith No More, passando por passagens de rap.

Quando chegou às lojas em 1994, Balls to Picasso dividiu opiniões. Lançado em um momento em que Dickinson buscava romper com o som característico do Iron Maiden, o álbum soou mais introspectivo e experimental, o que gerou resistência entre fãs mais ortodoxos. Na época, o cantor também enfrentou um cenário musical dominado pelo grunge e pelo alternativo, elementos que, de forma sutil, permeiam o disco.

O relançamento vem acompanhado de um novo momento na carreira solo de Dickinson: sua primeira turnê completa pela América do Norte em quase três décadas, divulgando The Mandrake Project. O setlist mesclará músicas de diferentes fases, incluindo Balls to Picasso, Chemical Wedding e até uma composição do Iron Maiden, Eternity Has Failed, rearranjada pelo próprio vocalista.

Para além da novidade sonora, More Balls to Picasso reacende um debate sobre o papel de Dickinson como artista solo e seu trânsito entre estilos, provando que, longe de se restringir ao legado do Iron Maiden, ele continua disposto a revisitar e reinventar a própria história.

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