Formado em Minas Gerais 1987, o Corpse Grinder é uma das bandas mais icônicas do underground Brasileiro. A formação do grupo conta com os membros fundadores, o baterista Romulo Junior, o baixista Flávio Nery, o guitarrista e vocalista Júnior Vieira.
Com mais de 30 anos de estrada o grupo, já com adição do segundo guitarrista Rubem Alvim, adentrou ao estúdio para compor o novo disco que saiu agora em 2024 e é o alvo da resenha de hoje. Então sem mais delongas, adentremos ao caos sonoro das chamas do velho metal com o Corpse Grinder.
As bandas da velha guarda não costumam “firular” o inicio dos discos com introduções. E com o Corpse Grinder não é diferente. When Madness Reigns transpira uma malignidade e cadência caótica, trazendo a chegada de um governo regado a alienação, religiosidade, hipocrisia e mentiras, algo muito semelhante, se não totalmente inspirado, nos ocorridos de alguns anos atrás em terras brasileiras…
Necrofeelings é um grito de triunfo, quase um hino contra a moral, os bons costumes, os religiosos e fascistas. Neste grito de protesto, a banda ainda exalta a devoção pela podridão e o peso do Death Metal.
Ossuary Secrets traz uma levada mais groovada, reabrindo as covas que um dia foram cavadas pela ditadura militar para nelas depositarem os opositores do regime. Com os detalhes minuciosos transcritos nos versos entoados por Vieira, não é de se estranhar caso o ouvinte comece a sentir o cheiro fétido que exala dessa infeliz exumação.
Na sequência o contrabaixo de Nery é o fio condutor que rege Ode to Death, uma bela poesia em meio a morbidez sonora, sobre a entidade que rege a única certeza que temos durante a vida, a morte.
Dark Age’s Return fora a primeira amostra do disco a chegar ao público. Com um riff inicial mais lento a lá Tony Iommi, a faixa logo descamba em um riff poderoso enquanto traça um paralelo entre os dias atuais e a chamada idade das trevas, onde a igreja regia a ordem e a lei, utilizando-se da ignorância do povo para cometer as maiores barbáries em nome da fé.
E todo o desprezo e o ódio pela teocracia se estende para a furiosa faixa seguinte The Worst of Misfortunes.
From the Womb to the Tomb alia a poesia grotesca presente em clássicos do gênero, como o Tomb of The Mutilated do CannibalCorpse, junto a uma crítica de um dos temas mais debatidos e polêmicos do cotidiano, o aborto. Minha favorita do registro até então…
E dando encerramento ao registro, que confesso chegou de forma rápida, Perpetual Death Metal traz riffs cativantes e retrata a triunfante caminhada do Corpse Grinder anos à fio, espalhando a devoção do grupo pelo Death Metal.
Lançado oficialmente nas plataformas digitais em 15 de agosto e chegando ao formato físico pela Extreme Sound Records pouco depois em 21 de agosto, T.O.M.B foi gravado entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024 tendo a produção assinada pela própria banda. Já a mixagem e masterização ficou à cargo de Ruben Alvim. A bela arte de capa é de autoria de Roberto Valleck que também assina a do disco anterior Into The Coffin (2018).
O registro é dedicado a memória de Renato Ferreira, guitarrista e irmão do baterista Romulo Junior, responsável por gravar a demo Frontal Attack of Deathcore lançada pela banda em 1989.
Sem sombra de dúvidas, o sétimo disco de inéditas do Corpse Grinder faz jus ao título, mantendo toda a languidez e a podridão arrastada do Death Metal que consolidaram e caracterizaram a sonoridade do grupo na história do underground brasileiro, aliadas a fortes críticas políticas e sociais. Minha única observação, fica em relação ao volume das linhas vocais, que em alguns momentos da audição me pareceram um pouco sufocadas pelo instrumental.
No mais, T.O.M.B é mais um belo tapa na cara daqueles fatídicos Zé Ruelas que amam, há anos, decretar a morte do Heavy Metal em terras tupiniquins. Vida longa ao Corpse Grinder e que venham os próximos registros.
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Tracklist
1- When Madness Reigns
2- Necrofeelings
3- Ossuary Secrets
4- Ode to Death
5-Dark Age’s Return
6- The Worst of Misfortunes
7-From the Womb to the Tomb
8-Perpetual Death Metal